A Justiça de Sergipe aceitou a denúncia criminal apresentada pelo Ministério Público contra Marleide Cristina dos Santos e Cícero José Mendes Leite. Os dois são acusados de participação em um esquema de candidatura laranja nas eleições de 2018, onde Marleide teria concorrido ao cargo de deputada estadual apenas para desviar recursos. Na instância eleitoral, ambos já foram condenados, mas os beneficiários ocultos do crime ainda não foram investigados.
A denúncia aponta que Marleide recebeu R$ 468.922,23, valor significativamente superior ao destinado a outras candidatas do MDB em Sergipe. Esse montante teria sido utilizado não para sua própria campanha, mas para apoiar candidatos majoritários do partido, incluindo Fábio Reis e o ex-governador Belivaldo Chagas. Cícero Mendes, coordenador da campanha fictícia, teria sido o responsável por organizar os repasses e orquestrar a operação.
De acordo com as investigações, Genisson Ramos de Aragão, figura conhecida como "Baia", esteve diretamente envolvido nas tratativas com Marleide, sendo mencionado em ligações feitas pela candidata para resolver problemas com o repasse dos cheques emitidos pelo Fundo Partidário. Além das ligações para o Baia, para resolver o problema das emissões, a candidata fez contato direto com o deputado federal Fábio Reis.
Cícero Mendes, que recebeu R$ 212.250,00 para coordenar a suposta campanha de Marleide, teria utilizado esse valor para contratar empresas e produzir material de campanha para Fábio Reis, Belivaldo Chagas e Jackson Barreto. As provas indicam que não foram encontradas fotos ou vídeos de Marleide fazendo campanha para si mesma, mas sim para os referidos candidatos.
A decisão judicial, assinada pelo juiz substituto Sérgio Menezes Lucas, acolheu as denúncias e determinou a citação dos réus. O processo segue sem sigilo no nº 0600090-53.2020.6.25.0001.